Integração, acolhimento, espaço e protagonismo marcaram a caminhada alusiva ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial. O evento teve a participação de usuários, familiares, simpatizantes da causa e profissionais das Unidades de Referência em Saúde Mental da Prefeitura de Joinville e ocorreu na manhã de quinta-feira (16/5) nas ruas da região central da cidade.
A caminhada desta quinta integra a programação da Semana de Conscientização e Orientação sobre a Saúde Mental de Joinville.
“A caminhada alusiva ao dia 18 de maio vem para lembrar que existe um novo modelo de assistência para as pessoas com algum tipo de sofrimento ou transtorno mental. Antigamente, os tratamentos aconteciam em locais fechados, como grandes hospitais psiquiátricos e, hoje, as pessoas podem ficar junto às suas famílias, em sociedade e conviver normalmente em qualquer ambiente”, explica a coordenadora da Saúde Mental da Secretaria da Saúde, Ana Carolina Giacomini.
De acordo com Ana Carolina, com a Lei 10.216/2001, que trata da proteção e direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental no Brasil, as pessoas que precisam de assistência especializada conquistaram um novo modelo de tratamento que deve ser mantido.
“A luta antimanicomial precisa acontecer a todo momento para reforçar a necessidade desse novo modelo, pois ainda ouvimos falar em instituições irregulares que trabalham de forma inadequada”, destaca.
Para ela, a caminhada é uma forma de garantir o espaço e os direitos daqueles que já foram tratados com preconceito: “Precisamos fazer um reparo histórico de todas as formas negativas como as pessoas com sofrimento mental já foram tratados. Precisamos dar protagonismo para esses usuários”.
Tratamento humanizado, respeito e empatia
Desde 2017, Mozart de Oliveira, de 32 anos, frequenta os Serviços Organizados de Inclusão Social (SOIS), sempre acompanhado por sua mãe Rosa de Oliveira.
Segundo ela, o serviço é essencial em diversos aspectos da vida do filho com espectro autista e com outros transtornos decorrentes dessa condição: “O tratamento é uma peça fundamental nas nossas vidas. O Mozart possui muitas dificuldades para lidar com as coisas do dia a dia e, no SOIS, recebe tratamento humanizado, mais convívio social, respeito e empatia que às vezes não encontra em outros lugares da sociedade”.
Mozart frequenta o SOIS três vezes por semana e lá, participa de atividades como oficinas de passeio, cinema, além de aulas de música que ajudam a manter a sua estabilidade e melhoram a sua qualidade de vida.
“Ele ama e chama de ‘meu SOIS’. Já na véspera, deixa a roupa separada para ir para as atividades. E embora ainda haja muitos desafios, é lindo ver a dedicação dos profissionais da área e o trabalho que eles realizam”, avalia Rosa.
Saúde mental em Joinville
A Rede de Atenção Psicossocial da Secretaria da Saúde de Joinville conta com serviços interligados e direcionados ao atendimento de diferentes públicos, compostos por equipes multidisciplinares que incluem psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos em enfermagem e médico psiquiatra.
A rede de serviço especializada conta as unidades de referência da SES. Os Centros de Atendimento Psicossocial CAPS II Nossa Casa e CAPS III Dê Lírios são responsáveis pelo tratamento para pessoas com transtornos mentais agudos e/ou crônicos graves, que tenham necessidade de cuidado intensivo. Possuem papel fundamental no atendimento a crise e na reabilitação psicossocial de seus usuários.
Já o CAPS AD (Álcool e Outras Drogas) é responsável por prestar atendimento integral a pessoas com sofrimento decorrente do uso/abuso de álcool e substâncias psicoativas (drogas) e tem como objetivo trabalhar a reabilitação psicossocial ao longo do dia.
Também compõe a rede o Serviços Organizados de Inclusão Social (SOIS), responsável pelo serviço de convivência do usuário, com trabalhos de arte, cultura e educação para doentes que já passaram da fase aguda da doença.
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